Seg, 25 de março de 2024, 16:32

Cartilha desenvolvida por docente da UFS auxilia professores da educação básica no ensino de crianças com TEA
A Cartilha PrismaTec IA será disponibilizada gratuitamente nas redes pública e privada de forma online

A professora Janaina Mello, do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe (DHI/UFS), desenvolveu uma cartilha que auxilia professores da educação básica a utilizarem robótica educacional, inteligência artificial e holografia no ensino de história e patrimônio cultural de Sergipe para crianças e adolescentes com Transtorno de Espectro Autista (TEA).O documento, que foi intitulado “PrismaTec IA”, é um recurso pedagógico assistivo vinculado ao desenvolvimento de um robô móvel com holografia.

O projeto foi desenvolvido por meio do Edital de Inovação Educacional da Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia da universidade (InoveEdu 2023/Agitte UFS) e surgiu com o objetivo de atender as crianças e adolescentes com autismo e utilizar a robótica educacional. Elaborada com a supervisão de pais de crianças e adolescentes autistas de Sergipe, do Amazonas e uma autista adulta do Paraná, a cartilha é direcionada a professores da educação básica das escolas públicas e privadas, para associações de autistas, a estudantes das licenciaturas em História e responsáveis por crianças e adolescentes com a condição.

O material traz um repertório didático sobre como atuar na sala de aula de forma humanizada, quando há a presença de crianças, adolescentes e pais atípicos, como explica a professora Janaina. “A PrismaTec IA contém informações sobre os símbolos que representam o grupo autista, os níveis de suporte do TEA, as sensibilidades, sugestões para melhor conduzir o contato com os responsáveis e a legislação, incluindo a nova lei de Sergipe, aprovada no ano passado. Além disso, trata da robótica nas escolas e explica metodologias, ensina o passo a passo da introdução do robô personalizado Prismatec IA e traz dicas de cursos, leituras, filmes e vídeos para os professores se aprofundarem mais sobre o atendimento inclusivo das crianças e adolescentes autistas”.


Foto: reprodução
Foto: reprodução

Para o aluno do curso de Ciências Atuariais, João Victor Quartezani, que foi bolsista de Iniciação Tecnológica do Inoveedu e participou do desenvolvimento da cartilha, o diferencial do documento é não focar apenas na questão do ensino da robótica, mas também abordar a relação humana em sala de aula. “A área de programação sempre foi de meu interesse, mas nunca o meu foco. Com o projeto, adentrar nesse mundo se tornou mais fácil porque eu estava fazendo a matéria de Programação Imperativa, que é obrigatória na minha grade curricular. Mas o mais importante que pude aprender foi sobre o TEA, assunto que eu tinha uma mínima noção antes do projeto e hoje posso dizer que admiro bastante os profissionais que se dedicam em trabalhar com pessoas atípicas”, afirma.

A primeira versão da cartilha foi submetida a responsáveis de crianças autistas em Aracaju/SE e Manaus/AM e recebeu o convite para ser aplicado no Laboratório de Educação Inclusiva, na cidade de Carira/SE. Além disso, será disponibilizada para professores da Educação Básica das redes públicas de Sergipe, Alagoas e Bahia que cursam o Mestrado Profissional em História da UFS (ProfHistória) e está disponível gratuitamente para todos os professores da rede pública e privada de forma online, através da plataforma Patrimonium Tech IA UFS.

Segundo a Gestora do Inoveedu, Maria Costa, promover esse tipo de projeto proporciona uma experiência educacional mais completa e integrada. “Tais iniciativas não só atendem às demandas da comunidade acadêmica, mas também demonstram um compromisso genuíno com o desenvolvimento humano e a educação inclusiva, alinhado aos valores e objetivos da instituição e da sociedade como um todo”, afirma.

Bolsa de Produtividade

A docente Janaína Mello também é bolsista de Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/DT) há dois anos, com o projeto intitulado “SayHist - Robô para ensino de História e Educação Patrimonial nos Museus de Sergipe”. Com o Edital Inoveedu, ela enxergou a possibilidade de aprimorar esse recurso educacional.

“Essa experiência de sucesso me animou a propor para a Chamada de Bolsa de Produtividade CNPq DT 04/2023, o projeto do MuseuBot IA com possibilidade de replicação aos demais museus brasileiros. Obtive a aprovação em fevereiro e me tornei a primeira mulher bolsista de Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora nível 2 (CNPq/DT2) do Departamento de História da UFS. Antes somente os professores doutores Petrônio Domingues e Dilton Maynard, com quem divido sala, foram contemplados com a bolsa de Produtividade em Pesquisa (CNPq/Pq). Eu sou a primeira e única DT”, comemora.

Edital Inoveedu

O edital de Inovação Educacional da Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia visa apoiar e incentivar os docentes no desenvolvimento de produtos e/ou processos educacionais que promovam a transformação social e gerem benefícios para estudantes, professores, gestores educacionais e instituições de ensino.

Através do programa, a Agitte fornece incentivos para o desenvolvimento de iniciativas que visam à promoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e à Agenda 2030 da ONU. Em 2023, o InoveEdu financiou 20 projetos, fornecendo bolsas de estímulo ao desenvolvimento de produtos/processos educacionais para alunos de graduação durante 6 meses, e um auxílio de R$ 2.500,00 ao pesquisador para o desenvolvimento do protótipo.

Mateus Ferreira - Bolsista
Letícia Nery - Ascom UFS

Atualizado em: Qua, 27 de março de 2024, 12:58
Notícias UFS